segunda-feira, 11 de março de 2013

Inovação avança em mais setores da economia e até nas carreiras

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Tema do momento, a inovação ultrapassa a fronteira inicial da tecnologia para possibilitar avanços em todos os setores, inclusive nos serviços e na carreira. A consultora Maria Augusta Oforino, instrutora da ESPM-SP e Clear Educação, de SC, ensina que o foco deve ser em modelo de negócio inovador. Nos dias 15 e 16 , ela vai ministrar um workshop sobre o tema, no Hotel Majestic, numa iniciativa da Clear, de Florianópolis.

Como é o conceito de modelo de negócio inovador?

Maria Augusta Orofino – A inovação não se restringe à tecnologia e o empreendedor precisa apresentar produtos e serviços que melhoram a vida das pessoas. Hoje, a inovação está muito na gestão e na forma de se relacionar com o cliente. É possível inovar no próprio negócio, nos produtos, no design... Um exemplo é a Nespresso, linha especial de café da Nestlé, que garantiu remuneração maior pela oferta do produto em cápsulas. O buffet por quilo é um modelo de negócio de alimentação criado no Brasil. O conceito de modelo de negócio surgiu nos anos de 1990.

De que forma transmite esse conceito a empresários e executivos?

Maria Augusta – As ferramentas que utilizamos nos processos criativos são modernas e fáceis de adotar e visualizar. Incluímos o Canvas, uma das metodologias mais inovadoras na área; o design thinking, da School de Stanford; e o desenvolvimento do cliente, de Steven Blank, uma das mais eficazes metodologias para desenvolvimento de novos produtos e serviços. Também temos discussões e ideias em grupo para que os alunos possam implantar mudanças nos seus negócios. O público-alvo são empresários e executivos que querem melhorar seus negócios e jovens empreendedores que estão abrindo suas empresas, especialmente as startups, de tecnologia.

Qual é a orientação para aumentar o percentual de empresas de sucesso?

Maria Augusta – Um dos conceitos é desenvolver o cliente. Para isso, antes de lançar um produto, é possível fazer um protótipo para testar no mercado. Aí, a possibilidade de a empresa acertar é bem maior. O Sebrae está empenhado em difundir essa metodologia para reduzir a mortalidade de novas empresas.

Os empresários estão mais conscientes sobre a importância da inovação?

Maria Augusta – O que a gente vê é que a inovação acontece numa empresa quando o seu dono toma consciência da importância dela. É realmente uma decisão top down (de cima para baixo). Não adianta ter um grupo de colaboradores consciente se o dono não quer. Participei de programas em que empresas tinham um grupo muito preparado para inovar, mas o dono não queria e nada ia adiante. Hoje, as lideranças empresariais estão mais conscientes sobre a necessidade de inovar para enfrentar a desindustrialização, a concorrência externa, e exportar mais. Se nós não mudarmos, não criarmos diferenciais, a nossa indústria perde mercado no Brasil e lá fora. Além disso, a inovação também amplia o lucros das empresas.

Essa onda inclui os serviços?

Maria Augusta – É uma coisa bastante nova, que começa a ser trabalhada. Foca os serviços que o produto agrega e que podem ser uma inovação. A gente não compra mais só um carro, mas, também, serviços embutido no carro como garantia, manutenção, emplacamento, seguro e outros.

Vem aí a inovação até para carreiras. Você também é um exemplo?

Maria Augusta – O livro Business Model Generation fez muito sucesso. Agora, será lançado o Business Model You, com mais de 300 exemplos de pessoas que mudaram suas carreiras. Eu atuo como consultora organizacional há 20 anos. Além disso, eu tinha uma empresa de eventos.Há cinco anos eu estava bastante cansada da atividade e decidi fazer uma ruptura. Concluí que precisava me reinventar. Fechei a empresa e fiz o mestrado de Engenharia e Gestão do Conhecimento. Aí me deparei com a questão da inovação e modelo de negócio e fiz a dissertação sobre o tema. Como fui praticamente a primeira brasileira a abordar o assunto e logo fiz contato com o suíço Alexander Osterwalder, comecei a dar palestras e avancei. Hoje, sou consultora do Inova/SC para dar suporte aos 12 polos de inovação do Estado. Também atuo com o Sebrae e outras instituições.

Que conselhos daria para mulheres?

Maria Augusta – Eu digo a elas para acreditarem no seu potencial. Nós, mulheres, temos a vantagem de sermos mais amorosas, o que é uma necessidade no mundo atual. Não tenham medo de ser amorosas. No trabalho, recomendo seguirem seus sonhos, seu coração. Se o trabalho atual não faz sentido, é hora de mudar.

Para carreiras

Após o sucesso do livro Business Model Generation, sobre inovação em modelos de negócios, de Alexander Osterwalder, será lançado no Brasil, esta semana, o Business Model You (foto), com modelos de negócio para carreiras, elaborado por cocriação. Maria Augusta Orofino faz a apresentação da edição portuguesa.

Esaguiana

Maria Augusta é graduada em Administração pela Esag/Udesc e tem mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Nascida em Florianópolis, divorciada, Maria Augusta é filha de Dilma Orofino (C) e mãe da publicitária Marina, que atua na Mutato, agência de tendências de SP.

Campus Party

Apaixonada pelo tema inovação e modelo de negócios, a consultora tem ministrado palestras e workshops pelo Brasil, como consultora do Sebrae e de outras instituições.Uma das aulas inusitadas foi ministrada por Maria Augusta (D) de madrugada, na última edição da Campus Party, evento de tecnologia para jovens, realizado em São Paulo.

 Aspas

A inovação acontece numa empresa quando o seu dono toma consciência da importância dela. É de cima para baixo.

Matéria publicada na coluna de Estela Benetti neste domingo no Diário Catarinense

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