O presidente do BNDES, Luciano Coutinho (foto), disse ontem em Madri que o banco e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) estarão mobilizados para incrementar a oferta de recursos para pesquisa e desenvolvimento em novas tecnologias, em um movimento que visa ampliar a competitividade da economia.
Falando no painel “Desafios da economia do conhecimento – educação, inovação, financiamento”, em seminário promovido pelo Valor e “El País”, Coutinho sinalizou que o banco examina o desenvolvimento de novos programas na área de inovação, que consigam mobilizar o setor privado.
O presidente do BNDES citou como exemplo dois programas estruturados recentemente pelo governo brasileiro, que considerou muito atraentes para investimentos do setor privado – no campo do etanol de terceira geração e química verde e outro para o setor de petróleo. Com incentivo fiscal, taxas de juros diferenciadas e outros mecanismos, cada um deles deve contar com US$ 1,6 bilhão.
Agora a ideia é financiar o investimento nos setores espacial e aeronáutico. Apesar dos esforços para dar fôlego à inovação, o Brasil ainda investe pelo menos três vezes menos que a média de 5% do PIB dos países desenvolvidos em pesquisa e desenvolvimento. O índice nacional é equivalente a 1,15% do PIB.
A reversão do quadro de baixos investimentos começa a se consolidar. Coutinho disse aos empresários espanhóis e brasileiros, reunidos ontem em Madri, que o setor privado atualmente está colocando mais dinheiro em P&D, em busca de inovação e consciente da importância desses esforços para os ganhos de competitividade.
O presidente do BNDES também destacou o compromisso público e a mobilização de lideranças empresariais como fatores estratégicos para dobrar o peso dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. “O Brasil tem produtividade exemplar em agropecuária, é hora de dar o salto em indústria e serviços.”
Presente ao seminário, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, insistiu na importância de inovar para competir. Ele ressaltou a necessidade de formação e qualificação de recursos humanos para responder da forma adequada às demandas do desenvolvimento econômico. Hoje, disse Raupp, a ciência e tecnologia constituem, pela primeira vez na história, um dos eixos da política de desenvolvimento econômico do país.
Em sua participação no evento, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, detalhou programas para melhorar a formação científica e tecnológica da mão de obra. Um deles prevê a criação de 8 milhões de vagas técnicas em três anos. Ao mesmo tempo, ressalvou, interessa ao Brasil atrair profissionais qualificados, incluindo médicos, engenheiros e profissionais da área de tecnologia. No caso de médicos, o ministro estima que dois mil municípios brasileiros necessitam desses profissionais.
O esforço para aumentar a competitividade inclui outras frentes de ação governamental. Para Coutinho, a redução de cerca de 20% no custo da energia é uma das principais atitudes concretas neste sentido, com impacto expressivo para a indústria. A agenda do governo para impulsionar a produtividade, disse passa também pela redução do custo de capital e da carga tributária sobre a folha de pagamentos e investimentos.
Fonte: Valor Econômico
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